Durante os 15 anos em que viveu na Europa, o
escultor João Turin (1878-1949) realizou
diversas obras, tanto na Bélgica quanto na França, onde fixou residência. Parte
dos trabalhos produzidos pelo artista naquele período não puderam ser trazidos
ao Brasil e foram perdidos. Um deles foi “No Exílio”, primeira escultura de
grandes proporções feita por Turin, concebida em Bruxelas e premiada com Menção
Honrosa em Paris.
Uma iniciativa vai possibilitar que o público
de hoje aprecie esta obra. A artista Luna do Rio Apa fez uma releitura de “No
Exílio” a partir de fotografias de época. O trabalho foi realizado no Atelier
de Esculturas do Memorial Paranista, em Curitiba, onde também há uma exposição
permanente e um jardim de esculturas ampliadas de João Turin, com uma centena
de obras. A releitura de “No Exílio” vai simbolizar os 100 anos do Movimento
Paranista (do qual João Turin foi um dos fundadores), a ser comemorado em 2023.
A
releitura tem 2,70m de altura e foi moldada em argila. Em uma segunda etapa, o
escultor Edson de Lima realiza a moldagem para produção da escultura em gesso
pedra. A Prefeitura de Curitiba tem a intenção de fazer uma fundição em bronze
da obra.
Resgate
de ponta a ponta do legado de João Turin
Desde 2011, quando os direitos patrimoniais
sobre as obras de João Turin foram adquiridos pela Família Lago, foi iniciado
um resgate de ponta a ponta de seu legado artístico, algo até então inédito na
área de artes no Brasil), com nova catalogação dentro de critérios
museológicos, numeração, higienização e preservação das obras.
A realização da releitura de “No Exílio” é uma
nova etapa deste resgate, conforme explica Samuel Ferrari Lago, um dos gestores
da obra de João Turin. “Em 2013 conseguimos localizar a obra perdida de João
Turin ‘Pietá’ em uma cidade da França. Fizemos uma busca também por ‘No
Exílio’. Durante muito tempo procuramos por essa obra tanto em Bruxelas quanto
em Paris, mas não conseguimos localizar. Por sugestão do pesquisador Maurício
Appel, convidamos a artista Luna do Rio Apa para fazer uma releitura. Ela havia
trabalhado conosco no Ateliê João Turin e fez esta releitura de forma
brilhante”, afirma.
Sobre
João Turin
Em quase 50 anos
de carreira, João Turin deixou mais de 400 obras. Nascido em 1878 em Morretes,
no litoral do Paraná, ele veio ainda garoto para a capital Curitiba, iniciando
seus estudos em artes, chegando a ser professor. Especializou-se em escultura
em Bruxelas e em seguida morou por 10 anos em Paris. Retornou ao Brasil em
1922, trazendo comentários elogiosos da imprensa francesa, além de dar início à
etapa mais produtiva de sua trajetória. Foi premiado no salão de Belas Artes do
Rio de Janeiro em 1944 e 1947. Faleceu em 1949 e é considerado o maior escultor
animalista do Brasil. Possui obras em espaços públicos no Paraná, Rio de
janeiro e França. Em sua homenagem, foi inaugurado o Memorial Paranista, em
Curitiba, que reúne 100 obras.
Em junho de 2014,
seu legado foi prestigiado pelas 266 mil pessoas que visitaram “João Turin –
Vida, Obra, Arte”, a exposição mais visitada da história do Museu Oscar
Niemeyer, em Curitiba, que ficou em cartaz por 8 meses e foi citada em um
ranking da revista britânica The Art Newspaper. Esta exposição também teve uma
versão condensada, exibida em 2015 no Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de
Janeiro, e em 2016 na Pinacoteca de São Paulo.