Alysson Siqueira
(*)
“A
Taça do Mundo é nossa! Com brasileiro não há quem possa”, com “Didi, Garrincha
e Pelé dando seu baile de bola”, são “noventa milhões em ação”, cantando “Pra
frente, Brasil! Salve a seleção!”. Da
marcha de Wagner Maugeri, Lauro Müller, Maugeri Sobrinho e Victor Dagô,
composta para celebrar o primeiro título mundial do Brasil, em 1958, na Suécia,
passando pelo “Frevo do Bi”, de Jackson do Pandeiro, que embalou a conquista do
bicampeonato mundial, no Chile, em 1962, culminando com “Pra frente, Brasil!”,
do publicitário Miguel Gustavo e do trombonista Raul de Sousa, que foi tema do
tricampeonato no México, em 1970, foram 12 anos em que o Brasil se estabeleceu
como o primeiro a vencer três vezes a Copa do Mundo, sedimentando sua fama de
“país do futebol”.
Depois
de 1970, levou 24 anos para o Brasil voltar a conquistar um novo título. Em
1994, nos Estados Unidos, Bebeto, Romário e companhia conduziram a seleção ao
tetracampeonato, ao som de “Coração verde e amarelo”, de Tavito e Aldir Blanc,
tema das transmissões da TV Globo e que se repetiria nas Copas seguintes.
O
pentacampeonato veio em 2002, marcando a redenção de Ronaldo Nazário, ao som de
músicas que não foram compostas para ser tema da seleção, como “A Festa”, de Ivete
Sangalo, e “Deixa a vida me levar”, de Zeca Pagodinho, que era uma música de
comemoração dos próprios jogadores.
Essas
cinco músicas estão eternizadas como símbolos das cinco conquistas da Seleção
Brasileira em copas do mundo. Qual será o tema do hexacampeonato? Antes, vamos
conhecer outras canções que pleitearam ser tema de conquistas do Brasil.
Em
1974, “Cem milhões de corações” viram frustrado o sonho do tetracampeonato na
Copa da Alemanha. O mesmo ocorreu em 1978, na Argentina, com o tema “Bola pra
frente”. O curioso é que essas duas canções possuem muito em comum com “Pra
frente, Brasil!”, mencionando a população brasileira, trazendo a ideia de um
povo unido, mesmo quando o cenário político da época não era esse.
Na
Copa da Espanha, em 1982, “Voa, canarinho, voa” foi interpretada pelo craque
Júnior, jogador daquela seleção que caiu diante da Itália. No México, em 1986,
“Mexe Coração” foi o tema da TV, mas Gal Costa também embalou aquela seleção
com “70 Neles outra vez Brasil”, mas sucumbimos diante da França, após disputa
de pênaltis, nas quartas de final.
Na
Copa da Itália, em 1990, “Papa essa, Brasil” não conseguiu motivar a seleção,
que caiu logo nas oitavas de final, diante da Argentina. Em 1998, na França, o
tema da torcida foi “É uma partida de futebol”, do Skank. Embalo que parece ter
se esvaído com a apatia da final e a derrota para os donos da casa.
Em
2006, na Alemanha, Gilberto Gil trouxe seu “Balé de Berlim”, e Jair de Oliveira
gravou sua “Mais uma Estrela”. Mas nem músicas, nem a seleção, que era a
favorita, perpetuaram-se na história.
Na
Copa da África do Sul, em 2010, nada foi tão sonoro quanto as vuvuzelas da
torcida. A canção da Coca-Cola, “Wavin’ Flag”, ganhou versão em
português na voz de Samuel Rosa, do Skank. No campo, o Brasil ficou nas quartas
de final, após derrota para a Holanda.
Na
Copa de 2014, no Brasil, Gaby Amarantos e o Monobloco gravaram “Todo Mundo”. Mas
a campanha do banco Itaú trouxe “Mostra tua força, Brasil”, nas vozes de
Fernanda Takai e Paulo Miklos, com mais potencial motivacional. Porém, o som
que marcou aquela Copa foi o silêncio da torcida brasileira após derrota
humilhante para Alemanha, por 7 a 1, na semifinal.
Veio
a Copa da Rússia, em 2018, e a cantora Anitta trouxe uma nova roupagem a
“Mostra tua força, Brasil!”. Mas a seleção não conseguiu passar pela melhor
geração de jogadores da Bélgica, e ficou nas quartas de final.
Em
tese, de 2006 em diante, já tivemos diversos postulantes a tema do hexa.
“Coração Verde e Amarelo” é um candidato emérito desde sua criação, em 1994.
“Mostra tua força, Brasil!” já vai para sua terceira tentativa, agora com a
interpretação de Ludmilla e com a energia da Timbalada.
Mas
há novidades também nesse cenário. Latino já lançou a sua “Retomada” – canção
que busca incentivar o Brasil na Copa e, ao mesmo tempo, celebra a volta à
normalidade depois da fase mais aguda da pandemia de covid-19. E,
evidentemente, durante os 28 dias de Copa do Mundo, alguma música pode emergir
da torcida, dos jogadores, das redes sociais como tema de uma seleção que irá
avançando e conquistando corações a cada vitória.
*Alysson Siqueira é mestre em Música e professor da
Área de Linguagens Cultural e Corporal do Centro Universitário Internacional
Uninter.